fecha os olhos
“Fecha os olhos” disse-lhe ela ao ouvido…
E os seus olhos docilmente se cerraram, para que ela agora história, se pudesse contar.
Era uma vez uma amor que na ponta dos dedos se escrevera, sem que para isso fossem preciso se juntarem letras, palavras ou frases. Foi na ponta dos seus dedos que de caricias se ilustrara cada página deste belo conto que de olhos fechados eles iriam vivenciar.
Adivinhando se desde logo pela forma suave como que eles dedos deambulavam pelos seus rostos, quase que tentando serem eles próprios caneta que de aparo redondo e pequeno, pelas suas faces iam contando o desenrolar desta ansiada estória que ela lhe quisera contar, prefácio perfeito neste preliminar que de afagos e afetos se redigia.
Era por entre breves e quase inaudíveis suspiros, que o enlace deste enredo se ia narrando, tímidos sussurros iam pautando a doce cadencia de beijos que ela agora lhe presenteava, como que se aquele aparo redondo em que os seus dedos se tinham transformado procurasse tinta na lubricidade dos seus lábios, sem nunca deixar de que com eles, guia los, eles lábios dele, ao encontro sedento, deles, os seus.
Roteiro mais que perfeito que com beijos ia preenchendo cada parte dos seus corpos, como se estes últimos, as páginas deste livro em branco quisessem ser, para que na ternura de cada beijo dado neles se pudesse selar cada paragrafo dele amor nele descrito.
“Fecha os olhos” disse-lhe ele ao ouvido…
E os seus olhos docilmente se cerrarem…
Era uma vez um amor que de olhos fechados se contara, e reza a história que ele amor os seus não voltou a abrir, para que assim, o seu fim, ele jamais pudesse avistar.