Naquele dia
E naquele dia quatorze desse segundo mês, de um ano que de amores se adivinhara, os seus lábios voltaram a um lugar que a eles já pertencia, para que nos seus contornos se desfizesse a saudade que até então teimosamente os assolava.
Foi em aquele deslizar de beijos dados, que as suas almas voltaram a valsar, um bailado dos sentidos ao qual indiferente não se podia ficar, e foi nesse libertar de nostalgias que por entre esse ato de repetidamente se beijar, que a saudade, nada restou senão se dissipar.
E no correr dos dias que se seguiram, repetiram se os beijos, multiplicaram se os afetos, e no afagar dos seus corpos ávidos deste reencontro, transparecia o quanto a saudade ali, lugar já não teria, dando agora lugar a outros momentos, para mais tarde recordar.
Naquele dia quatorze, Valentim levara consigo a poesia de todos os dias, aquela que se escrevera na inspiração que dela Valentina ele colhera, para que juntos, Poeta e Poema eles ali pudessem ser, e foi nesse entregar poético de um amor que se adivinhara que eles dias se passaram
E da saudade, pouco ficou para se recordar, calara fundo nos beijos trocados, desvanecera no calor dos abraços, e perdera se neste encontrar dos seus corpos.
E naquele dia o valsar dos sentidos, deu mais sentido a todos os dias que dali em diante ele Poeta, ela Poema, iriam vivenciar.
Porque, é de esse amor que se adivinhara, que eles dias se irão escrever, para que a saudade neles, não volte a ter lugar.
"Naquele dia, da saudade se fez Poesia"