Como poderia algo que dito e escrito de forma tão simples, ter um significado que até então, eu pensava desconhecer, como poderia um de ti gostar, tão transparente, revelar tanto neste tão breve gesticular dos seus lábios, como um "gosto te", podia afinal ser um gostar de mim em ti.
"Gosto te".
Havia naquele gosto, em que eu era o sujeito, todo um principiar de afetos, um gostar que me acompanhava como se me quisesse dizer, "estou aqui se de mim precisares".
Um "Gosto te", que não é menos, nem mais do que um abraçar de duas palavras em que um sentimento ganha sentido, num só sentido, o de quem se gosta, e assim me senti, gostado.
“Gosto te”.
“Gosto te”, porque és tu, disse-me, e nessa indescritível forma de ti gostar, te gostar não é mais do que o sublimar de gostos que ousamos partilhar.
"Gosto te", por em ti me poder guardar, e por em mim esse gostar, se guardar nessas palavras que se escrevem.
"Por isso escrevo-te, para te guardar, para ser poeta e seres poema”, porque afinal mesmo que eu antes não o soubesse e a ele o desconhecesse, era sobre este "gosto-te" que eu tanto quis escrever, para que desta forma, um dia, num poema eu pudesse guardar-te a ti e a ele, em mim.
E se a vida nos permitir gostar, que "gosto te" seja, princípio, meio e fim, para que eu nunca deixe de o "escrever-te".
Deixaram que os dias se apaixonassem no despertar dos sorrisos, e a eles dias, nada mais lhes restou, se não a esse apaixonar se entregarem, e foi assim que ela paixão que nos seus sorrisos iria florescer, foi ao encontro dos dias, que de ali e em diante, iriam viver.
E não mais, as manhãs principiaram, sem ela paixão, que ao de leve, se fazia sentir nesse alvorar de afectos.
Suave arrebatamento, que por entre linhas, no clarear do dia se escrevia, como se ele, esse principiar apaixonado dos dias, fosse a acendalha deste desabrochar dos sentidos, ao qual indiferentes, eles já não podiam ficar.
E era nesses ínfimos cuidados que se preenchiam a brevidade dos instantes, que se enchiam, todo e cada momento de pequenos nadas.
Apaixonar de duas almas que no alvorecer dos dias, a ela paixão, iriam de agora em diante, frágil e suavemente se entregar.
E sem por isso darem, já a paixão era o raiar das tardes, o rastilho que já não se conseguia apagar, a chama que nenhum deles ousara despertar.
Deixaram que as tardes deste apaixonar fosse um render de guarda, para que doravante cada palavra com sorrisos e afectos pudessem soar, para que cada e todos os sentires, ecoassem no sem fim de bem quereres partilhados.
E soltos e repletos de paixão, suas almas que de tão leves nesse apaixonar se deixaram levar, deixavam-se agora consumir por esse sentimento galopante que as percorria.
A paixão já era um fogo que se alimentava na ardência dos desejos, chama dispersa e incontrolável que se espalhava por entre intentos e vontades, e de nada valia o tentar contrariar, era ela, agora, paixão, que as regras iria ditar.
E no cair da noite deste apaixonar , as palavras, as vírgulas, os pontos e as exclamações deram lugar a um sem fim de sentimentos, que por entre expectativas, sonhos e ambições teimavam em não se calar.
E as palavras eram agora escritas no calor da paixão , as vírgulas davam lugar aos suspiros, os pontos, eram o ansiar dos parágrafos seguintes, as exclamações, o confirmar desta paixão, na qual em boa hora se deixaram levar.
E as reticências, se é que existiram, era agora o espaço que fará que deste apaixonar, muito se possa ainda viver e escrever.
Deixaram que os dias se apaixonassem, e nunca mais as manhãs, as tardes, as noites, e nem eles, ousaram dessa paixão duvidar.
Só bem se ama, quando ele amor, devagar e delicadamente nos acalma, e é nesse serenar dos sentidos que a ele, o tempo devemos entregar, para que na sua delicadeza e essência ele possa inspirar todo e cada instante.
Só se ama e bem, quando no vagar do sentir deixamos que cada momento se perpetue na suavidade do afeto, este doce acalentar da alma que ao tempo se rende, e é nesta doce entrega de afetos que de amor se concebem, que ela, alma e tempo conspiram, para que eles, momentos, de eternidades se possam preencher.
Só bem se ama, quando o amor no presente se conjuga, pois é o “eu te amo” que lhe irá dar razão de ser nesse preciso pedaço de tempo, é ele que dita a incessante vontade de um abraçar ou de um beijo se dar, e é na presença deste "hoje" repleto de amor, que outros tempos se poderão conjugar , pois os amores que nestes instantes se semeiam, mais tarde se irão colher.
"Só se ama bem, quando se ama devagarinho", quando de amores se cuida sem olhar ao tempo, quando finalmente se percebe que ele amor só irá florescer na leveza de diários intentos, e que será na calmaria desse caminho de bem querer, que , sem pressas , na sua plenitude ele se irá revelar, pois para ele amor que de vagares se gerou , só se pode amar, se ao tempo e a cada momento, o melhor de nós soubermos dar, devagarinho , bem devagar.