Nos teus braços, nunca foram somente abraços, nem dos teus braços senti tão só amparo, no aperto deles os teus braços, sempre houvera espaço para mais do que o simples enlace de dois corpos em busca de afetos, e nesse entrelaçar a que alguns chamam abraço, sentimos mais do que o conforto, mesmo que dele isso bastasse e mais nele não se procurasse.
Nos teus braços, nunca o tempo ousou apressar se, nem dos teus braços o seu decurso se tenha feito sentir em vão, e se neles o tempo em pedaços se desfazia na volúpia dos abraços, era para que eles se tornassem fragmentos de tempo e que assim pudessem ser enlace que no tempo perdurasse e não tão só abraçar pontual sem tempo nem hora marcada.
Nos teus braços nunca eu me satisfaço, nem deles teus braços sinto alguma vez o embaraço, mesmo que longo seja esse enlace que em forma de abraço a ambos teima em nos juntar, e se neles houver sempre espaço para que os meus neles possam morar, então é neles que o meu tempo em pedaços se irá fragmentar, para que assim nos teus braços nunca seja tão somente abraços.
E os seus olhos docilmente se cerraram, para que ela agora história, se pudesse contar.
Era uma vez uma amor que na ponta dos dedos se escrevera, sem que para isso fossem preciso se juntarem letras, palavras ou frases. Foi na ponta dos seus dedos que de caricias se ilustrara cada página deste belo conto que de olhos fechados eles iriam vivenciar.
Adivinhando se desde logo pela forma suave como que eles dedos deambulavam pelos seus rostos, quase que tentando serem eles próprios caneta que de aparo redondo e pequeno, pelas suas faces iam contando o desenrolar desta ansiada estória que ela lhe quisera contar, prefácio perfeito neste preliminar que de afagos e afetos se redigia.
Era por entre breves e quase inaudíveis suspiros, que o enlace deste enredo se ia narrando, tímidos sussurros iam pautando a doce cadencia de beijos que ela agora lhe presenteava, como que se aquele aparo redondo em que os seus dedos se tinham transformado procurasse tinta na lubricidade dos seus lábios, sem nunca deixar de que com eles, guia los, eles lábios dele, ao encontro sedento, deles, os seus.
Roteiro mais que perfeito que com beijos ia preenchendo cada parte dos seus corpos, como se estes últimos, as páginas deste livro em branco quisessem ser, para que na ternura de cada beijo dado neles se pudesse selar cada paragrafo dele amor nele descrito.
“Fecha os olhos” disse-lhe ele ao ouvido…
E os seus olhos docilmente se cerrarem…
Era uma vez um amor que de olhos fechados se contara, e reza a história que ele amor os seus não voltou a abrir, para que assim, o seu fim, ele jamais pudesse avistar.