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Cumplice Do Tempo

ser cúmplice é ser parte de algo

Esperança

26.12.22 | cumplicedotempo

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Esperança foi o nome que lhe deram, nascera numa estrelada noite de natal lá longe de todo e qualquer reboliço, numa humilde aldeia onde se pintavam as paredes das casas, de sonhos e expectativas, onde as ruas não eram nem largas, nem estreitas, simplesmente levavam ao seu destino quem nelas se aventurava. Em cada canto e esquina encontrava se um jardim e todos eles tinham uma particularidade, possuíam um ancinho, um pequeno saco de sementes e um aguador, para que todos e qualquer um ai pudesse livrar-se de toda e qualquer erva daninha, e nele semear, regar e cuidar, desejos ou vontades em forma de flores e assim embelezar as suas vidas e a de todos os que por ali passavam. Perto de um desses jardim passava um pequeno riacho, de aguas calmas e esverdeadas, dizem que quem nele se atrevesse mergulhar suas tormentas apaziguava e seus medos afugentava, e muitos eram aqueles que a ele recorriam quando novos desafios se avizinhavam e a coragem lhes faltava.

Esperança nascera então nessa estrelada noite de natal e desde logo o brilho dos seus límpidos olhos verdes tornaram esse pequeno ser na estrela maior de toda uma aldeia ansiosa pela sua chegada. Pois nessa aldeia assim era a cada nascimento, uma esperança renovada e ela por mero acaso ou talvez não, o nome também trazia.

Esperança cresceu pintando as paredes não só das casas, mas de todos os que por ela se cruzavam com sonhos e expectativas, aventurou se pelas ruas dessa sua pequena aldeia nunca olhando ao caminho ou a sua duração, mas sempre ao destino a que ela se propusera chegar, e quem dela teve companhia nessas jornadas sabe o quanto gratificante é termos Esperança nas nossas, por vezes longas jornadas que a vida nos presenteia.  

Esperança ao longo dos anos fez questão de cuidar de cada um dos pequenos jardins que pela aldeia se multiplicavam, para que nunca nenhuma flor ou desejo ali plantado desvanecesse, e se não o terá conseguido nunca foi por falta da sua perseverança e bondade, mas talvez porque não basta ter esperança quando se semeia algo, é preciso continuar a cuidar e nunca deixar de acreditar de que algo se irá colher.

Não vos saberei dizer a idade que hoje terá Esperança, mas sei que ela continua vagueando pelas margens daquele pequeno rio e quem com ela ou nele ousa mergulhar enfrenta todo e qualquer desafio.