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Cumplice Do Tempo

ser cúmplice é ser parte de algo

Olhares & palavras

27.06.15 | cumplicedotempo

 

 

Trocavam olhares nas frases partilhadas, a cada sentença dividiam sorrisos, e nas vírgulas, nos pontos e reticências sentidos suspiros.

No deleite de cada parágrafo os seus rostos brilhavam como que se essa volúpia de palavras repartidas se unissem num único objetivo de os seus sentidos despertarem, e nesse bailado sensitivo de letras que as suas conversas se tornaram, as suas almas ousavam valsar muito para além dos seus meros conteúdos, dança intérprete de sonhos e desejos, traduzida na harmonia e cadência de uma prosa que teimava em ser poesia, tal a sensibilidade e a leveza na forma como era escrita por ambos.

E era dessa forma que ambos se permitiam sonhar em cada encontro de reticências onde se beijavam por entre suspiros, se abraçavam nos parenteses e na mais ténue pausa harmonizada por uma vírgula.

E nos pontos e nos silêncios sorriam disfarçando ansiedades e saudades de tudo aquilo que ficará ainda por escrever; e nesse embalar de emoções transcritas, valsejar de almas, desvanecia-se as distâncias que os separava numa dança de cumplicidades, prosa e poesia dos seus sentidos.

Trocavam olhares e sorrisos por entre e por cada palavra partilhada para que dessa forma a cada parágrafo, a saudade pudessem disfarçar...

E se não houvesse palavras

01.06.15 | cumplicedotempo

 

E se não houvesse palavras e só me restasse o olhar, seria com ele então que pelas linhas do teu ser redigiria tudo aquilo que na ausência delas, palavras, ficasse por dizer, e nesse deambular incessante dos meus olhos em ti, o teu rosto comtemplaria.

Nunca descuidando cada recanto seu, cada perfeita imperfeição, para que em todo o seu esplendor as palavras se pudessem refletir neste meu olhar ávido por em ti se expressar.

E se não houvesse palavras e só me restasse o poder te tocar, seria com subtileza então que pelo teu corpo revelaria esta minha insaciável vontade, de nos sentidos e com eles te segredar cada afeto, veredictos confessos nesse apartar de palavras, agora suave e sensitiva forma de em ti vaguear.

E se não houvesse palavras, e nem sequer o toque ou o olhar me restasse, tentaria então os teus lábios beijar, e ele beijo seria sentença deste meu amor que sem palavras ousei declarar, selar de este e de todo o meu sentir.

E se não houvesse beijo, nem toque ou sequer olhar e depois de tudo, até mim as palavras voltassem, seria com elas então que estas linhas eu escreveria, para que nas ausências, jamais ficasse algo por dizer e tu para sempre as pudesses recordar.