Ousei na ausência de ti, encontrar-te em mim mesmo…
Na ausência de um beijo teu, os meus lábios docilmente se retraíram, como que tentando-me beijar a alma onde ficara a recordação de um último beijo por nós dado.
Na falta de um teu olhar, os meus olhos suavemente se fecharam, para na lembrança que dele subsistia dentro de mim, agradavelmente se reabriram acompanhados pela ténue lágrima de saudade que após a tua despedida neles se instalara.
Na ausência de uma caricia tua, as minhas mãos ao de leve percorreram as linhas imaginárias do teu corpo no meu, guiadas pelo incessante desejo que em mim sobrevivia e que em ti “pensamento” se alimentava.
Na carência de um abraço teu, os meus braços subtilmente e ainda trémulos fecharam se em minha volta como que tentando abraçar uma réstia de um perfume teu, que em mim ficara.
Na ausência do teu riso e da tua voz, os sons que até então me rodeavam desfizeram se em melodias e sonâncias orquestradas pelo bater de um meu saudosista coração, que por ti continuamente batia.
Pude assim na tua ausência revisitar partes de mim, que em partes incertas de ti, ousaram descobrir partes que so ganham sentido em nós, e nesta ousadia entender que nem a tua ausência me consegue separar de ti.
Reinventem-se cumplicidades em cada olhar, movidas pela simplicidade de um querer comum, renovem-se juras de amor em cada suspiro, acalentadas na paixão que em ambos se assemelha a uma sensível forma de prever um futuro ansiado, repetem-se as palavras que a cada momento relembrem a razão de ser deste amor incondicional alicerçado na poesia de um dia a dia repleto de letras que se conjuguem num só significado, sinónimo de um afecto que na sua total plenitude se exprime, sustentem-se os desejos e ambições, reciprocidades que em beijos e abraços sinceros se amparam, suportem se dores e mágoas em toda e qualquer instante num partilhar de compaixões e bondades que nesta união de bem-quereres reforçam os tentáculos de um verdadeiro afeiçoamento mútuo, reiterem-se vontades e escolhas respeitando os desejos de cada um, refazem se planos e voltam se a fazer continuadamente na esperança de irem ao encontro e satisfação de ambos, redefinem-se objectivos em harmonia, sensibilidades conjuntas inspirada num bem-estar e acalmia própria de um porto de abrigo que a dois se construi ao longo de momentos únicos e ímpares, e que só um amor puro ancorado no coração e alma de cada um, pode dessa forma o proporcionar.
E assim se unem aqueles que se amam, e assim vencem aqueles que no amor acreditam, porque ele amor, a cada dia se reinventa nas cumplicidades de cada olhar partilhado, de cada beijo dado, de cada abraço trocado, de cada suspiro dividido….
Dedicado ao Jorge e a Vanda neste dia tão especial