Ausências
Ousei na ausência de ti, encontrar-te em mim mesmo…
Na ausência de um beijo teu, os meus lábios docilmente se retraíram, como que tentando-me beijar a alma onde ficara a recordação de um último beijo por nós dado.
Na falta de um teu olhar, os meus olhos suavemente se fecharam, para na lembrança que dele subsistia dentro de mim, agradavelmente se reabriram acompanhados pela ténue lágrima de saudade que após a tua despedida neles se instalara.
Na ausência de uma caricia tua, as minhas mãos ao de leve percorreram as linhas imaginárias do teu corpo no meu, guiadas pelo incessante desejo que em mim sobrevivia e que em ti “pensamento” se alimentava.
Na carência de um abraço teu, os meus braços subtilmente e ainda trémulos fecharam se em minha volta como que tentando abraçar uma réstia de um perfume teu, que em mim ficara.
Na ausência do teu riso e da tua voz, os sons que até então me rodeavam desfizeram se em melodias e sonâncias orquestradas pelo bater de um meu saudosista coração, que por ti continuamente batia.
Pude assim na tua ausência revisitar partes de mim, que em partes incertas de ti, ousaram descobrir partes que so ganham sentido em nós, e nesta ousadia entender que nem a tua ausência me consegue separar de ti.